TEOLOGIA
Teologia, em seu sentido literal, é o estudo sobre Deus (do grego θεóς, theos, “Deus”; + λóγος, logos, “palavra”, por extensão, “estudo”). Como ciência tem um objeto de estudo: Deus. Entretanto como não é possível estudar diretamente um objeto que não vemos e não tocamos, estuda-se Deus a partir da sua Revelação. No Cristianismo isto se dá a partir da Revelação de Deus na Bíblia e na Tradição viva do Povo de Deus. Por isso, também se define Teologia como um falar “a partir de Deus”.
A teologia tem como objetivo levar aquele que nela adentra a perceber e compreender as consequências da Revelação Divina na missão do cristão e da Igreja no empenho da justiça, na abertura da inteligência e da vontade para transformação do meio social e ereção da bondade no mundo. O motor que, implícito ou explicito, sempre moveu a teologia foi criar um espaço de acesso à realidade da fé a partir da autocompreensão que o ser humano tem de si mesmo e de sua compreensão da totalidade do ser nas diversas situações históricas de sua vida, as quais tem tanto elementos transcendentais e, portanto, metafísicos e necessários, como contém elementos contingentes e históricos. Decerto, a compreensão originária do ser humano sobre si mesmo é o espaço em que se situa a reflexão teologica, e isto decorre da própria natureza da teologia enquanto ciência de fé, ou seja, enquanto reflexão metodicamente dirigida sobre a Revelação de Deus dada na fé, pois a própria revelação de Deus já contém em si enquanto seu momento constitutivo um saber de caráter conceitual e sentencial que a teologia tem precisamente como tarefa desenvolvê-lo, refleti-lo e confronta-lo com outros conhecimentos.
Neste interim, é precisa a reflexão apontada pela exortação apostólica pós- sinodal Pastores Dabo Vobis, de João Paulo II, sobre a formação dos sacerdotes naquilo que os estudos teológicos devem proporcionar: “(…) uma visão das verdades reveladas por Deus em Jesus Cristo e na experiência de fé da Igreja de forma completa e unitária (…)” ( PDV 54). Isto significa que tal visão deve ser de modo orgânico, legítimo e sistemático, porém, fiel à doutrina católica. O estudo da Teologia busca uma compreensão mais profunda do conteúdo da fé por meio de uma reflexão madura das modalidades do espírito, segundo o qual a Sacra Doutrina teve sua elaboração, com intrínsecas conotações cristológicas e eclesiais, isto é, deve considerar-se uma participação no pensamento e mistério de Cristo (cf.: I Cor 2, 16), inserindo àquele que a procura na vida eclesial, tornando-o participante desta enquanto comunidade de fé, ajudando-o a nutrir um grande e vivo amor a Jesus Cristo e a sua Igreja. Portanto, propõe um estudo das verdades da Revelação Cristã tornando-as compreensíveis, com argumentos que estão fundamentados na Sagrada Escritura, na Tradição e no Magistério respeitando e esclarecendo o “sensus fidei” do povo cristão. Levando tais verdades a uma aplicabilidade na vida das pessoas desenvolvendo uma “inteligência da fé” de forma correta e completa para o crescimento e fortalecimento da relação do povo com Deus, o Pai onipotente e Criador de todas as coisas, ao mesmo tempo, que desperta a consciência da responsabilidade na continuidade da missão do Cristo entre os homens: estabelecer o Reino de Deus de forma que tudo seja recapitulado em Cristo e dessa forma possa haver “novos céus e nova terra” (II Pe 3,13), onde Deus será tudo em todos.
Nesta perspectiva a teologia é ciência de fé enquanto tem como base, norma e fim a fé Cristã. A fé torna-se a forma e a configuração da autorresponsabilidade do crente diante de si mesmo e do seu mundo – exigência da própria situação histórica individual e coletiva enquanto prestação de contas que tem de ser dada a si mesmo e aos outros -, do “Logos” de sua esperança. Nisto, é necessário, pois, uma anterior autocompreensão da Teologia na consciência conceitualmente articulada da inesgotabilidade da fé através da Teologia e da superioridade do que é dado na Palavra de Deus diante de qualquer sentença teológica.