Desde o Concílio Vaticano II a Igreja vem elaborando documentos e subsídios para a formação de seus ministros ordenados. No decreto “Optatam Totius” sobre a Formação Sacerdotal, do referido Concílio, já está proposto e pedido este ano introdutório, embora não use o termo propedêutico. Lemos no número 13 desse Decreto: “Antes de iniciarem os estudos propriamente eclesiásticos, recebam os seminaristas aquela formação humana e científica que permita aos jovens de seu país respectivo ingressar nos estudos superiores”.
Tal reflexão foi se desenvolvendo e buscando embasamentos práticos e teóricos para fornecer subsídios para uma formação inicial de acordo com as necessidades de cada época e de cada lugar.
Para suprir as lacunas de ordem espiritual, cultural e humana que os jovens que ingressam no seminário apresentam os Padres do Sínodo dos Bispos de 1990, pedem a Congregação para a Educação Católica que recolha informações e experiências a cerca desse assunto nas várias Igrejas, a fim de oferecer pistas e meios para uma reflexão e posteriormente materiais para a formação.
O pedido expresso pelo Sínodo foi plenamente recebido pelo Santo Padre que, no número 62da Exortação apostólica pós-sinodal “Pastores Dabo Vobis” (João Paulo II, PDV)convidou a Congregação para a Educação Católica a recolher “todas as informações sobre as experiências feitas ou que se estão a fazer”acerca do período propedêutico e a comunicá-las depois às Conferências Episcopais.
Este trabalho, feito pela Congregação para a Educação Católica, foi satisfatório e mostrou a urgência de haver este ano introdutório, visto que nos vários países existem as mesmas lacunas e dificuldades, mesmo sendo contextos e realidades diversas. No entanto a partir dos anos 80 este período formativo foi ganhando forma e uma maior relevância.
No entanto, tendo consciência dos inúmeros contextos e realidades formativas, a Igreja concede a cada país a liberdade para elaborar suas Diretrizes para formação local, tendo em vista a comunhão e a unidade com a Igreja universal.
Em 2010, a CNBB publica as Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil. A meta é imprimir unidade ao processo formativo inicial dos futuros presbíteros, levando em conta a diversidade cultural. Dessa maneira, cada Diocese procura atualizar, dentro de suas realidades, aquilo que se pede.
Entre os elementos constitutivos do ano propedêutico, destacam-se: a dimensão humano-afetiva, a dimensão comunitária, a dimensão espiritual, a dimensão intelectual e a dimensão pastoral-missionária; assim elencados pelas Diretrizes. Essas cinco dimensões da formação são justamente para um amadurecimento e uma preparação segura, para dar início aos estudos filosóficos e teológicos, embora tais dimensões acompanhem todo o período formativo e também façam parte da formação permanente.
Portanto o ano propedêutico trata-se de um tempo de preparação humana, cristã, intelectual e espiritual. Essa preparação se encontra bem articulada nas cinco dimensões formativas. Tendo em vista a formação de presbíteros autênticos, homens da palavra e da eucaristia.
Nossa Experiência:
Em 2012 a nossa Igreja particular inaugurou o ano propedêutico. O aparecimento de vocações maduras e ao mesmo tempo de rapazes que ingressam bem jovens no seminário menor constituem a razão dessa nova experiência.
Em consonância com as Diretrizes e com a Igreja universal a nossa Diocese procura oferecer aos rapazes do propedêutico um bom período introdutório, a fim de ajuda-los a fazer um percurso formativo frutuoso.
Uma parte desse processo formativo é feita na Arquidiocese de Goiânia. No período matutino os jovens estudam no Seminário Santa Cruz, no qual é feito o ano propedêutico. Estudam algumas disciplinas; a saber: Introdução a Filosofia, Introdução ao Mistério de Cristo, Sequela Christi (seguimento de Cristo), Liturgia e Liturgia das Horas. Na área da espiritualidade tem a Escuta da Palavra (Lectio Divina) e Adoração (toda quinta-feira). Trata-se de algumas disciplinas que ajudam a clarear a visão de Igreja, de seminário, e também de tentar suprir as lacunas trazidas na bagagem humana e intelectual. O momento privilegiado da Lectio Divina e Adoração ajudam na vida espiritual fazendo com que os jovens tenham uma vida de oração mais intensa e consistente. Os outros aspectos da formação são feitos em nosso seminário.
No entanto os jovens tem a mesma rotina que os seminaristas maiores, no que diz respeito a horários e atividades da casa. É oferecido três encontros semanais, um encontro mensal e acompanhamento psicológico. Um encontro para estudar a História da Diocese; um encontro que trata da espiritualidade diocesana e um encontro sobre a Iniciação Cristã; o encontro mensal é feito com o reitor para partilhas e avaliação da caminhada.
A experiência tem sido positiva. Embora o nosso seminário seja formado por três etapas diferentes da formação, os resultados são significativos. O nosso projeto formativo ajuda a nortear as etapas não permitindo que haja confusões ou negligências. Cada jovem é convidado a viver seu período formativo com consciência e clareza de sua vocação. Por esta razão o projeto oferece linhas de trabalho para cada ano da formação.
Portanto o ano propedêutico trata-se de um período privilegiado da formação, onde os jovens podem construir um alicerce seguro e caminhar com maior desempenho e confiança.